sexta-feira, agosto 17, 2007

Vamos falar de sexo ????

Na busca de um "verdadeiro" orgasmo, a mulher procura desesperadamente o seu famoso ponto G e ensina-se através de programas e revistas uma ginástica sexual para melhorar o seu desempenho. O homem observa o tamanho do pénis, apesar de já saber quer através das conversa entre amigas, quer através dos programas e revistas, que o tamanho não é significativo para um melhor desempenho sexual; também em relação à raça, acreditava-se que o homem negro tinha um desempenho maior, hipótese já descartada.
E assim, vamos falando de sexo, significando este falar a indicação de como fazer sexo. Se o fazer não corresponde ao que a ciência diz, procura-se a ciência e todos os manuais e mezinhas para o fazermos na perfeição.
O orgasmo passa a ser democrático, para todos, portanto é necessário alcançá-lo. Para ser sexualmente realizado e feliz, é necessário conseguir-se muitos e bons orgasmos, o orgasmo passa, de um direito, a um dever, o dever do orgasmo.
E dever de todos, visto tratar-se de “democracia sexual”.
Se este direito/dever de ser feliz não ocorre tem-se os sexólogos para salvar, prescrever, receitar, orientar, ensinar, teoricamente (?!)
A sexologia receita como fazer sexo, qual a melhor posição, fala-se nas revistas, na televisão, no cinema, no teatro, no bar e no café; as proibições são minimizadas ou até mesmo inexistentes, o que antes era uma aberração, hoje não é mais. Liberdade sexual? Repressão sexual? Ou proliferação de um discurso sobre sexo?
Exemplo disso é o caso da masturbação, que anteriormente condenada historicamente como uma doença, passa agora a ser aconselhada. O perigo desta prática do prazer (onanista) foi perseguida como uma doença capaz de comprometer toda a espécie humana, deixa de existir, passa de doença para prática saudável, até mesmo necessária. De condenada passou a ser pedagogicamente recomendada.
E se os homens a praticam, porque não as mulheres?
Passamos de um discurso em que só é possível amar outra pessoa, amando a si mesmo já que a sexualidade é uma dimensão e uma expressão da personalidade.
Tocar-nos primeiro e depois tocar no outro..."
"...A sexualidade é fundamental na identificação (é a sexualidade que nos faz sentir bio-psico-social como homens ou como mulheres); na relação amorosa (a sexualidade é uma forma de expressão física do amor e reforça a relação amorosa); no desejo e no prazer (a sexualidade é responsável por desejos extremamente intensos e por um prazer que acompanha os pensamentos e actividades sexuais e na reprodução (é através de relações sexuais que salvo em casos especiais um homem e uma mulher podem gerar um filho);.
A sexualidade contribui então significativamente para o nosso bem-estar e amadurecimento psico-afectivo.
Mas então o que é a felicidade sexual?

(artigo de Raquel Figueiredo, publicado na revista Bons Vicius)

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