segunda-feira, setembro 29, 2008

Vénus: Anaïs Nin






















"... Tinham geralmente o mesmo ritmo.Ele pressentia o prazer dela, ela pressentia o dele.
E ambos conseguiam, misteriosamente, reter o orgasmo até o outro estar pronto para ele,
Começavam geralmente, num ritmo lento, que íam acelerando depois cada vez mais, á medida que sentiam o sangue aquecer e o prazer subir em ondas até à apoteose, que os dois viviam ao mesmo tempo, o pénis frequentemente libertando o seu sémen nas entranhas do ventre de Elena, que fremia como se tivesse mil línguas de fogo a queimá-la..."

"...- Que crueldade - disse ele. - Já não te dás a mim?

Ela nada dizia. Também ela sofria pelo facto de a dúvida e a angústia terem impedido o seu corpo de responder à posse que desejava. E desejava-a, mesmo que fosse a derradeira vez. Mas como temia, precisamente que o fosse, o seu corpo fechava-se e ela não conseguia unir-se verdadeiramente a Pierre. E sem esse prazer partilhado não havia fusão, não havia comunhão entre os seus corpos. Sabia que isso a ía atormentar depois. Sentir-se ía insatisfeita, ao passo que ele teria deixado nela a sua marca.
Revivia a cena no seu espírito, via-o inclinado sobre ela, via as suas pernas entrelaçadas, via o pénis a penetrá-la, cada vez com mais força, via-o enfim caír, uma vez chegado ao fim; e então sentia outra vez desejo de ser satisfeita, de sentir Pierre possuí-la inteiramente até ao amago. Conhecia bem os tormentos do desejo insaciado: os nervos à flor da pele, o sangue a escaldar, o corpo todo na espectativa do orgasmo que não viera. Impossível dormir. Tinha cãibras nas pernas, agitava-se como um puro sangue nervoso. Fantasmas eróticos perseguiam-na durante toda a noite.

- No que estás a pensar? - Perguntou Pierre, fixando-a.

- Em como é triste deixar-te, sem me ter dado a ti verdadeiramente..."

" ...O seu sexo mais parecia uma flor de estufa, maior que todas quantas o Barão já vira, com pelos fartos e crespos, de um negro luzidio. Passava-lhe batom pelos lábios com tanto cuidado como o faria com a boca, até que acabaram por ficar com um ar vermelho vivo de camélias abertas à força, para pôr à mostra o botão de dentro, ainda fechado, como o olho, esse mais claro e de pele mais fina, da flor..."

"...Enquanto isso as mãos dela circulavam em torno do pénis como uma aranha delicada, com as hábeis pontas de dedo que tocavam os nervos de resposta mais escondidos.
Os dedos fechavam-se lentamente sobre o pénis, primeiro afagando a carapaça de carne; depois sentindo o influxo de sangue espesso distendê-lo; sentindo o leve intumescimento dos nervos, a súbita rigidez dos músculos; sentindo como se estivessem tocando um instrumento de cordas..."



Anaïs Nin- Delta de Vénus

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